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A segurança no projeto arquitetônico

  • 09 OUT/14
  • ABSEG
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Por que as empresas, indústrias são alvos de bandidos? Por que os shoppings, hotéis e
condomínios são invadidos? Esse artigo busca refletir sobre essas situações-problema e apresentar conceitos de prevenção de crimes que deveriam ser aplicados na arquitetura e construção desses empreendimentos.

Isso porque aplicar isoladamente ou sem um plano de segurança clausuras, blindagem,
equipamentos eletrônicos (alarmes, CFTV, controle de acesso, portas com detector de metal e etc.) e serviços de vigilância ou portaria não mais garante uma tranquilidade e uma segurança eficaz.

E isso é notório nas mídias, quando vemos:

  • bancos sendo invadidos por quadrilhas que chegam a utilizar marretas para retirar os caixas eletrônicos;
  • invasões e arrastões em condomínios;
  • rendições de porteiros / vigilantes em indústrias.

As questões acima são rotineiras porque a cultura dos brasileiros é reativa e geralmente “fecham as portas depois do arrombamento”, ou seja, só tratam do assunto segurança depois de terem sido alvos de algum delito – muitas vezes por acreditar que isso nunca aconteceria com eles.

Essa cultura gera ainda, por conseqüência, algumas leis também reativas. Além disso, alguns segmentos se limitam a cumprir exatamente o que está estabelecido em lei, deixando diversas falhas e oportunidades para os criminosos.

De um modo geral, no Brasil a segurança é enxergada como custo e não como um meio de proteger a vida, um bem de valor incalculável. Ou no mundo empresarial de proteger a imagem corporativa ou sua marca. Por essa cultura brasileira ser reativa e que só são tomadas providências após ocorrer um assalto ou um arrombamento. E o pior, às vezes nada é feito, quando falamos de se cumprir apenas uma legislação ultrapassada.

Mas só a segurança aplicada na arquitetura é suficiente? Claro que não. É preciso ainda complementar com as demais técnicas de segurança empresarial e patrimonial, iniciando-se por um criterioso Diagnóstico de Segurança e uma Análise de Riscos, antes do anteprojeto.

É preciso discutir os problemas das construções da arquitetura nos dias de hoje. Afinal, o que está acontecendo? Na verdade, hoje em dia, a questão da segurança durante o desenho de um projeto costuma ser mal planejada em termos de segurança física, posicionamento dos equipamentos eletrônicos e sua infra-estrutura, quase sempre inadequada.

Algumas empresas até tentam e se arriscam a elaborar melhor a questão. Mas a solução dada por elas costuma ser incompleta e baseada, unicamente, no uso de equipamentos eletrônicos e de alguns itens de segurança física. E o mais importante: sem um plano de segurança com um nível adequado para aumentar a prevenção e dar resposta efetiva a cada tipo de ocorrência.

Esse ponto crucial marca a diferença de compreensão do problema no Brasil em comparação com países como os Estados Unidos, por exemplo. Lá, a segurança e a prevenção são encaradas como itens de qualidade de vida. E no mundo corporativo de prevenção de perdas. Por isso nos EUA o investimento em segurança não é considerado apenas como custo, mas como investimento que chegará a dar lucro, reduzindo-se as possibilidades de concretização dos riscos.

Diferente do que comumente se pensa no Brasil o desenho da segurança física de um imóvel é um fator básico sobre o qual se assentam outros recursos. Iluminação, visibilidade, portas, vidros e guaritas blindadas, portões, clausuras, perímetros, todos esses itens compõem a segurança física, entre outros. Mas alguns itens de segurança física podem ser burlados pela ação planejada de uma quadrilha. É muito importante saber que não é a segurança física que vai dar cabo dessa questão sozinha. O papel da segurança física é retardar a ação criminosa, dificultando e prevenindo. Por isso a importância de um desenho de segurança devidamente planejado, integrado com outras medidas preventivas e de resposta.

Mas imagine uma indústria que tenha um carregamento de eletroeletrônicos no valor de R$ 50 milhões. O local pode ter toda a segurança física pronta, mas tem também um grande atrativo que pode valer o risco para os bandidos. Por isso os criminosos passam a ter o local como alvo e dedicam um bom tempo para estudar como praticar um roubo ou assalto. Eles observam as oportunidades, as falhas na segurança física. Além disso, o crime hoje em dia é organizado, isto é, os criminosos formam quadrilhas e várias cabeças se dedicam à solução dos problemas que enfrentarão para invadir e roubar, o que facilita o planejamento e a ação criminosa.

A primeira barreira física contra os bandidos que essa hipotética empresa que está guardando R$ 50 milhões em seu depósito é o perímetro, ou seja, o muro. Essa é a primeira linha de defesa – mas existem várias maneiras de ultrapassá-la, de acordo com o grau de dificuldade física.
Depois vem a clausura, que é a segunda linha de defesa – mas um criminoso também pode passar por ela rendendo o vigilante ou alguém que esteja entrando por falhas nos procedimentos.

A próxima barreira física seriam as portas e janelas – mas o criminoso também encontrará meios de ultrapassar esses obstáculos para chegar ao alvo, que é o estoque dentro do prédio.

Com tantas barreiras, a chance de o criminoso entrar diminui, mas não desaparece: ele vai se aproveitar das oportunidades que forem surgindo, como, por exemplo, uma falha nos procedimentos de segurança ou vigilantes mal- posicionados e despreparados. Também pode perceber uma falha em alguma etapa no processo de entrada e saída dos caminhões, do recebimento do material, da entrada e saída de funcionários, da troca de expediente da vigilância. O marginal estuda tudo isso antes de se arriscar.

Além disso, geralmente, quando acontecem grandes crimes, os criminosos têm informação de dentro do local alvo. Pode ser de um funcionário, de um vigia, de prestadores de serviço, etc.
Quando a informação saiu de dentro, houve falhas também no processo de recrutamento e da proteção das informações.

Isso que vimos evidencia a importância das barreiras em profundidade para retardar a ação criminosa em vários pontos do empreendimento. Cada barreira instalada aumenta o tempo de resposta de quem quer transpor todo o conjunto. Quer dizer: o bandido vai gastar tempo para transpor cada um desses obstáculos ao crime.

Para transpor uma barreira os criminosos têm que ter o tempo a favor deles e as ferramentas adequadas. Por isso, o profissional de segurança faz um estudo do desenho arquitetônico, para estabelecer o maior número de barreiras e demais técnicas de segurança física e de prevenção de crimes, atentando até para o tipo de material de construção.

Depois é preciso integrar a segurança eletrônica, que é a tecnologia para detectar (e antecipar) os eventos, como ferramenta de apoio à equipe de vigilância local com adequados procedimentos de resposta. Não adianta haver todos esses aparatos se não houver uma equipe competente e treinada que saiba lidar com os equipamentos e situações de emergência e uma integração com os órgãos públicos. Isso permite a finalização da resposta imediata aos problemas de segurança.

Nem o arquiteto, nem o engenheiro têm condições de criar um “projeto de segurança” perfeito, composto por barreiras, tecnologias, recursos humanos, procedimentos, treinamento e pronta-
resposta. Isso acontece porque, em termos de formação profissional, eles não dominam os conceitos de segurança física, estratégias e técnicas de prevenção de crimes, sistemas integrados, gestão de segurança, modus-operandi dos bandidos, análise de riscos, etc. Onde aplicar a barreira? Qual barreira? Com qual efeito? Quais tecnologias? Quais procedimentos? Quais riscos? Quais medidas para tratar os riscos?

A abordagem vai desde a análise do desenho, dos materiais, qualidade das portas, paredes, janelas, vidros, corredores, paisagismo, iluminação, lay-out de acessos de pedestres e veículos, lay-out interno, guarita ou cabine blindada, posicionamento de homens etc. até a tecnologia empregada e os procedimentos do cotidiano do empreendimento. Para atingir excelentes resultados é fundamental que tudo que foi acima descrito seja elaborado em um plano diretor de segurança por um especialista com esse know-how.

Saiba mais a respeito deste tema em meu livro: Segurança em Arquitetura e Construção – Construindo Empreendimentos Mais Seguros

David Fernandes da Silva, CPP – david@consultordesegurancacpp.com.br
JULHO 2009 – Direitos Autorais reservados. A publicação e a reprodução parcial ou total deste artigo somente será permitida com a autorização prévia do Autor.


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