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Avaliar Segurança apenas por preço é um grande risco

  • 09 OUT/14
  • ABSEG
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Durante o ano de 2011, a população de São Paulo enfrentou diversas modalidades de crimes: desde assaltos às joalherias dos shoppings mais luxuosos da cidade, arrastões relâmpagos a bares e restaurantes, até as explosões de caixas eletrônicos. Num movimento cíclico, os criminosos migram de uma modalidade de crime para outra, dificultando o trabalho Policial e levando medo a população.

Os últimos acontecimentos de 2011 deixaram claro que o crime da moda em São Paulo voltou a ser os arrastões em Condomínios de Luxo, principalmente na região nobre do Morumbi, zona sul da capital. No final do ano, uma operação do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (DEIC) prendeu seis ladrões especializados em roubo de cargas, que migraram para a prática de arrastões a Condomínios. O grupo empregava nos assaltos o mesmo tipo de armamento pesado que utilizavam no roubo de cargas, como fuzis calibre 223 e pistolas 9 mm.

Pelo fato de serem, mais uma vez, a bola da vez dos criminosos, os Condomínios voltam a investir em equipamentos de segurança eletrônica e em equipes de segurança e portaria especializadas. Apesar do interesse cíclico dos bandidos e da oscilação do numero de casos de arrastões durante o ano, os especialistas em segurança são unanimes em afirmar que o investimento deve ser feito independentemente da sazonalidade do crime e sempre de forma preventiva, ou seja, antes do surgimento das ocorrências.

Um dos grandes desafios dos Condomínios é conciliar o investimento em segurança com as outras despesas já existentes. Dependendo do valor do Condomínio, da infraestrutura e dos serviços que o prédio disponibiliza, o custo com equipamentos de segurança eletrônica e mão de obra qualificada pode chegar a quase 40% do total dos desembolsos mensais. Assim como uma empresa privada, os Condomínios têm um orçamento anual definido e apertado. O aumento de verbas e a inclusão de novos rateios são processos difíceis de serem aprovados. Muitas vezes são demorados e desgastantes.

Quando os Condomínios decidem investir em segurança privada, mas encontram limitações orçamentárias, ao invés de iniciar um debate aberto e propor um rateio para plena implantação do sistema, geralmente a saída encontrada é a menos aconselhável, ou seja, a escolha do projeto vencedor passa a ter como critério principal o preço. É nesse momento que muitos sistemas de segurança tornam-se ineficazes, ineficientes e/ou incompletos. O Condomínio acredita estar disponibilizando uma proteção efetiva aos seus moradores, visitantes e funcionários, mas na verdade está apenas proporcionando uma sensação de segurança, continuando vulnerável e exposto ao risco.

Um caso típico é a instalação de equipamentos de segurança não recomendados a um determinado local. Por exemplo, são colocadas mini câmeras em áreas onde é aconselhável uma câmera tradicional, ou instaladas câmeras comuns em locais de circulação noturna e que não tem iluminação, ao invés das câmeras de infravermelho, especificas para este uso. Nesses casos, quando existe uma ocorrência, as imagens não têm nenhuma utilidade, pois são de baixa qualidade e fica impossível reconhecer as pessoas.

Outra situação é a gravação das imagens. Muitos sistemas, para baratear custos, são instalados sem a previsão de gravação das imagens. Todo o investimento em CFTV servirá apenas para visualização das imagens em tempo real na guarita, mas as imagens não poderão ser acessadas posteriormente para uma investigação ou analise de qualquer incidente. O mesmo vale para gravação remota, que muitas vezes não é disponibilizada, e uma vez que os criminosos levam ou danificam o computador onde estão armazenadas as imagens, o sistema se mostra pouco útil.

Com a equipe de mão de obra, a situação também requer uma analise detalhada. Existe uma grande diferença entre os serviços prestados por Porteiros, sejam eles orgânicos (do próprio Condomínio) ou de empresas especializadas (Terceirizadas), com os serviços prestados por Vigilantes, profissionais qualificados e autorizados a trabalhar pela Polícia Federal, que incluem a possibilidade de efetuar rondas internas, revistas e até o uso de armas de fogo. Assim como as suas atribuições, a remuneração e o custo de prestação de serviços entre Porteiros e Vigilantes também é bastante diferente.

Muitos Condomínios de Luxo, pelo porte que têm e pela atratividade que exercem sobre os criminosos, deveriam contar com Vigilantes para fazer a sua Segurança. Na prática, vemos uma situação oposta, onde os Condomínios optam por outra prestação de serviço, gerando novamente em seus moradores a chamada sensação de segurança, mas na verdade continuam vulneráveis em seus locais mais sensíveis: nas entradas de pedestres e de veículos e, principalmente, na portaria.

Da mesma forma como os criminosos analisam a modalidade de crime mais vantajosa do momento, eles estudam as oportunidades e vulnerabilidades dos Condomínios. Via de regra, optam pelos empreendimentos com menor nível de proteção, que dispõe de poucas barreiras de segurança e que contam com pessoal destreinado e desabilitado a impedir uma ação criminosa.

É obvio que o preço é importante em qualquer projeto de segurança, e que os recursos tecnológicos e humanos devem ser otimizados para um perfeito equilíbrio custo X benefício. Na hora de analisar os projetos de segurança que estão sendo propostos para o Condomínio, Síndicos, Conselheiros e Moradores devem promover um debate franco a respeito dos riscos encontrados e dos recursos que serão necessários para minimiza-los. O grande perigo é quando o valor do sistema de segurança passa de uma parte importante do todo, para ser o fator determinante do projeto vencedor.

Gabriel Ribeiro Tinoco


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